Oscilação do câmbio movimenta o campo
Mais uma vez a movimentação interna do dólar vem agregando valor às commodities agrícolas, especialmente à soja e ao milho, que enfrentam quedas na cotação no mercado internacional. Desde o início da nova crise política, agora envolvendo o presidente Michel Temer, a moeda norte-americana, balizadora dessas negociações, saiu de uma tendência de baixa para altas, que dependendo do momento em que o produtor se encontra, pode ajudar no planejamento da nova safra, ou não, principalmente a de soja, que começa a ser cultivada em setembro, em Mato Grosso.
Quem está com os custos fechados e maior parte dos insumos adquiridos, o avanço da taxa de câmbio é bem-vindo, já que valoriza a produção que o produtor tem a negociar. Já para quem não está com os custos ainda não fechados, é preciso pôr na ponta do lápis o seu controle e gerenciamento de custos e vendas da nova temporada, para saber aproveitar as oscilações da moeda, pois nesse caso, a alta do dólar valoriza não apenas a produção a ser vendida como encarece ao mesmo tempo o custo para produzir, elevando o valor dos principais insumos utilizados que são importados, tornando o novo ciclo mais caro em relação ao que foi em 2016/17. Caso o produtor pegue apenas a temporada de alta do dólar na hora de comprar seus insumos e na hora de comercializar a safra a moeda tenha baixas, as perdas financeiras serão praticamente certas. No dia-a-dia do campo, os produtores frisam que uma “boa safra começa com uma boa compra de insumos, comprar bem e vender bem!”.
Conforme levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), de olho na próxima safra, muitos sojicultores já realizam as compras dos seus pacotes de insumos. Cerca de 67,36% do volume total de insumos necessários (fertilizantes, defensivos e sementes) do ciclo 2017/18 já foram comercializados no Estado, conforme o Instituto até o fim de abril, percentual acima dos 55,76% em igual momento do ano anterior.
Apesar do adiantamento das compras em relação ao ano anterior, a disparada do dólar, ocorrida a partir do dia 18, traz um alerta àqueles que ainda tenham aquisições a realizar devido às incertezas de patamares em que a moeda pode chegar. “O custo com os insumos e o custo total da safra 2017/18, de R$ 1.764,87/ha e R$ 3.446,28/ha, respectivamente, apresenta um recuo em relação à safra passada. Ainda assim, a nova safra enfrenta desafios. Isso porque o preço para março/18 – principal contrato a termo realizado com soja no país - vem registrando médias bem abaixo às do ano passado. A nova alta do dólar tem estimulado incrementos nas cotações internas para o próximo ano, tornando o valor mais atrativo, no entanto, esse mesmo dólar que estimula a alta interna, encarece o custo de produção”.
A SAFRA – Nesse mês, o Imea divulgou o seu primeiro levantamento para a safra 2017/18 da soja mato-grossense, com os dados apontando para uma estabilidade na área de soja no Estado, mas com expectativa inicial de um recuo produtivo, após a safra 2016/17 ter registrado produção recorde.
Inicialmente a expectativa para a área semeada com a oleaginosa na safra 2017/18, em Mato Grosso, é de 9,42 milhões de hectares, representando uma área bastante semelhante à safra 2016/17, com aumento de apenas 0,22%, o equivalente à adição de 21,05 mil hectares. “Nessa projeção inicial, temos até o momento, a safra 2017/18 registrando o menor aumento de área desde a série histórica acompanhada pelo Imea (safra 2007/08)”.
Dentre as regiões que apresentaram incremento de área, a variação ocorreu em um intervalo de 0,13% na região centro-sul e até 1,3% na região norte. Já as regiões oeste e sudeste não apresentam, neste momento, expectativa de modificação de área semeada na nova safra e, por isso, a estimativa manteve-se inalterada.
Com relação à produtividade, a média de 54,12 sacas por hectare na safra 2017/18 indica um recuo de 2,3% em relação à produtividade recorde consolidada na safra 2016/17, ainda assim, a previsão inicial aponta para a segunda melhor produtividade de soja a ser registrada em Mato Grosso. “Espera-se que na nova safra os investimentos em tecnologia continuem ocorrendo, o que limita a consolidação de bons rendimentos a campo às boas condições climáticas na nova safra, por isso é uma projeção inicial”.
A produção aguardada é de 30,58 milhões de toneladas, representando um recuo de 2,08% ou 649 mil toneladas em relação à safra 2016/17. “Cabe salientar que esta primeira projeção representa o sentimento inicial do mercado, notando-se que apesar do leve recuo aguardado para o próximo ano, espera-se ainda, uma produção em patamares elevados no Estado”.
FONTE: AGROLINK