É possível reduzir prejuízos da ferrugem com técnica correta

É possível reduzir prejuízos da ferrugem com técnica correta

Em junho e julho, tem início o vazio sanitário da soja nos maiores estados produtores de soja: Paraná (10 de junho), Mato Grosso (15 de junho), Goiás (15 de junho) e Rio Grande do Sul (13 de julho).   Em 2021, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) publicou a Portaria nº 388, de 31 de agosto de 2021, que estabelece o vazio sanitário, como medida para o controle do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem-asiática da soja, e o calendário de semeadura, como medida fitossanitária para racionalização do número de aplicações de fungicidas. Acesse aqui o calendário completo do vazio sanitário da soja. Veja abaixo as principais informações sobre o vazio sanitário  O vazio sanitário é o período de ausência total de plantas vivas de soja (com exceção de áreas de pesquisa e produção de semente genética). Essa estratégia é usada para controlar pragas e doenças, e é reforçada pela Instrução Normativa Nº5, de 14 de março de 2014. O vazio sanitário da soja se iniciou em junho, visando o controle do fungo Phakopsora pachyrhizi, causador da ferrugem-asiática da soja. Essa doença pode causar perdas de até 90% da lavoura, e os custos do controle ultrapassam R$ 2 bilhões por safra. Observe na imagem abaixo os locais de ocorrência da ferrugem asiática. Fonte: Consórcio Antiferrugem A ferrugem é uma doença muito agressiva, e como o fungo possui bastante variabilidade genética, é difícil a obtenção de variedades resistentes de soja, pois a resistência é constantemente quebrada pela variabilidade genética do fungo. Além disso, o controle químico também pode contribuir para a piora do problema a longo prazo. O fungo tem se tornado menos sensível a fungicidas que agem em apenas um sítio. Dessa forma, tem se optado pelo uso de fungicidas multissítios, que apresentam menor risco de favorecer a resistência do fungo. Ainda assim, esses fungicidas usados em conjunto apresentam apenas 50% a 60% de eficiência de controle. Já as aplicações curativas devem ser evitadas, pois aumentam bastante a resistência do fungo ao fungicida. Para piorar a situação, a ferrugem tem uma enorme capacidade de produzir esporos viáveis, alastrando muito a doença. A ferrugem-asiática, bem como alguns outros fungos causadores de doenças, necessitam da planta de soja viva, para sobreviver. Ou seja, mesmo havendo apenas algumas plantas espontâneas de soja após a colheita, é o suficiente para o inóculo do fungo permanecer na lavoura, continuando o seu ciclo de vida enquanto houver plantas vivas, podendo se estender até a safra seguinte, quando causará novos prejuízos. O mesmo serve para outros fungos biotróficos (que dependem do seu hospedeiro vivo), como o Microsphaera diffusa, causador do oídio. A sobrevivência de fungos biotróficos na entressafra pode ser chamada de "ponte verde", ou seja, um elo entre a ocorrência da doença na safra atual e a ocorrência antecipada na safra seguinte. O que é o vazio sanitário da soja? Devido às características descritas acima do fungo causador da ferrugem na soja, as estratégias de controle são focadas em reduzir a produção e/ou viabilidade dos esporos do fungo. Visando quebrar o ciclo de vida desses organismos, é feito o vazio sanitário, que busca eliminar, durante pelo menos 90 dias, não só a soja, mas todas as plantas vivas que possam hospedar esse fungo, como o trigo, soja perene, feijão caupi e kudzu, dentre outros. Se não houver na área plantas em que o fungo pode se hospedar, ele morre, quebrando o ciclo da doença. Essa medida se torna muito importante para a ferrugem-asiática-da-soja pelo fato de que a doença é de difícil controle, e o aumento da resistência do fungo através de controle químico pode piorar mais ainda o problema a longo prazo. Apesar da medida ser importante para o controle deste fungo, também influencia no controle de outros problemas. Além da soja, o vazio sanitário é feito também no feijão e no algodão, e sua duração varia de acordo com a safra e com a região. O que eu ganho realizando o vazio sanitário? O vazio sanitário é a técnica mais efetiva para reduzir os prejuízos da ferrugem asiática, e proporciona algumas vantagens. Ao realizar o vazio sanitário de forma adequada, você estará retirando o hospedeiro do fungo da ferrugem-asiática-da-soja e de outras pragas e doenças, reduzindo significativamente o prejuízo causado por estes organismos na safra seguinte, e reduzindo os custos relacionados à agrotóxicos e pulverização agrícola. Outro ponto positivo é o fato de não contribuir para o aumento do problema. O vazio sanitário não promove a resistência genética do fungo como o uso de defensivos. Ao reduzir o uso de defensivos e optar por estratégias de manejo integrado, não estaremos contribuindo para a piora do problema a longo prazo. Além disso, realizando o vazio sanitário, você estará em conformidade com a legislação. O descumprimento do vazio sanitário pode levar a penalidades, como a aplicação de multas. No Mato Grosso, por exemplo, a multa pode chegar a R$ 25 mil. Em outros estados, esse valor pode ser maior. Como fazer o vazio sanitário? Realizar o vazio sanitário é responsabilidade do produtor. A prática é feita: Limpando a área de cultivo de soja após a colheita; Destruindo todas as plantas vivas do terreno; Manter a área livre de plantas durante o período estipulado. No entanto, é permitido fazer rotação com algumas culturas, e cultivo de algumas plantas de cobertura ou adubação verde, evitando erosão e compactação do solo, além de favorecer as características físicas, químicas e biológicas. Claro, estas culturas não podem ser hospedeiras da ferrugem. Consulte um engenheiro agrônomo para entender melhor essas opções. Material elaborado pelo Engenheiro Agrônomo, Anderson Wolf com colaboração da jornalista Aline Merladete. 

FONTE: AGROLINK