Quebra de padrão: primavera de 2023 vai romper com tendências recentes
A primavera representa uma das épocas mais cruciais para o cenário agrícola brasileiro, especialmente nas regiões que adentram o período chuvoso, sobretudo na segunda metade de outubro. É também durante o início dessa estação que se concentram os trabalhos de semeadura da safra de verão, a floração do café e o processo de vernalização das lavouras de clima temperado. Portanto, o padrão de chuvas e temperaturas na primavera desempenha um papel crucial nas condições de crescimento das culturas no Brasil.
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Segundo o metereologista do Portal Agrolink, Gabriel Rodrigues, a primavera terá um comportamento distinto em comparação com os três anos anteriores, marcados por um longo período de La Niña. Agora, com a presença do El Niño em sua forma mais intensa - uma condição confirmada pelos principais órgãos de monitoramento climático - o regime de chuvas e temperaturas seguirá um padrão característico desse fenômeno.
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No que diz respeito às temperaturas, prevê-se uma primavera mais quente em todo o território nacional, com destaque para as áreas da região central e MATOPIBA, onde as temperaturas podem superar consideravelmente a média histórica. Isso pode acelerar o ciclo de crescimento das culturas, embora haja o risco de redução do potencial de produção caso haja déficit de chuvas e estresse térmico. Por outro lado, as chances de ocorrência de geadas tardias são consideradas muito remotas.
A respeito das chuvas, as previsões apontam para um período mais úmido em partes do sul do Brasil, particularmente no Rio Grande do Sul e até a metade sul do Paraná. O padrão está alinhado com um período de El Niño. Por outro lado, na metade norte do país, a tendência é contrária. A média de 16 projeções sugere um volume de chuvas abaixo do usual, especialmente em novembro e dezembro.
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No entanto, as operações de semeadura em outubro, devem ocorrer dentro da normalidade. Mas vale ressaltar que grande parte das chuvas serão irregulares, mas ainda mantendo um cenário propício para a emergência das lavouras de verão, com exceção da região Sul, onde o excesso pode prejudicar.
Possíveis impactos na agricultura
MATOPIBA
A região conhecida como MATOPIBA, que abrange partes dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, apresenta variações significativas na quantidade de chuva durante os eventos de El Niño e La Niña, de acordo com um estudo que analisou o clima no período de 2000 a 2012. Por exemplo, em Correntina, foi observada uma forte influência desses dois fenômenos, resultando em precipitações abaixo da média durante esses eventos. No entanto, em municípios como Barreiras, Balsas, Araguaína e Bom Jesus, a variabilidade nas chuvas foi menos acentuada nos anos em que esses fenômenos ocorreram.
Cerrado
O Cerrado, que se estende por estados como Mato Grosso, também registra diferenças na quantidade de chuva durante os períodos de El Niño. Por exemplo, durante o verão de 1985, houve um aumento de 26% acima da média sazonal climatológica em estados como Maranhão, Piauí e Tocantins. Por outro lado, em 1990, ocorreu uma diminuição de 2,5% abaixo da média no estado de Mato Grosso. Os eventos La Niña tiveram um impacto positivo no padrão anual de chuvas na região, enquanto o El Niño teve um efeito negativo.
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Sudeste
No Sudeste, especialmente em áreas como Sete Lagoas e Lavras, o El Niño demonstrou influenciar as épocas de plantio e desenvolvimento da soja. Nos anos em que esse fenômeno ocorreu, plantar soja em 1º de outubro mostrou-se mais benéfico para a produtividade da cultura. No entanto, o impacto do fenômeno climático na produtividade da soja pode variar de acordo com as condições específicas.
Sul
No Sul do Brasil, o El Niño resulta em excesso de chuvas, beneficiando culturas de verão como soja e milho devido à disponibilidade de água. No entanto, é importante que os agricultores considerem fatores como o surgimento de doenças fúngicas, o acamamento das plantas e a adequada adubação. Por outro lado, durante os anos de La Niña, há uma tendência de estiagem, o que favorece a cultura do trigo devido à menor precipitação.
Material elaborado pelo metereologista, Gabriel Rodrigues com revisão de Aline Merladete.
Referências
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SILVA, L. V.; CASAROLI, D.; BRITTO, B. V.; PEREIRA, R.; EVANGELISTA, A. P.; ROSA, F. O. Influência dos Fenômenos El Niño e La Niña na Precipitação Pluvial da Região do MATOPIBA. In: INOVAGRI, 2014. p. 3425-3432. https://www.researchgate.net/profile/Rodrigo-Pereira-35/publication/269045899_Influencia_dos_Fenomenos_El_Nino_e_La_Nina_na_Precipitacao_Pluvial_da_Regiao_do_MATOPIBA/links/5ea4e32392851c1a9070a221/Influencia-dos-Fenomenos-El-Nino-e-La-Nina-na-Precipitacao-Pluvial-da-Regiao-do-MATOPIBA.pdf
MINUZZI, R. B.; SEDIYAMA, C. G.; COSTA, J. M. N. da; VIANELLO, R. L. INFLUÊNCIA DO EL NIÑO NAS ÉPOCAS DE PLANTIO E FENOLOGIA DA CULTURA DA SOJA NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL. Revista Ceres, Viçosa, v. 54, n. 313, p. 316-323, maio-jun. 2007. https://www.redalyc.org/pdf/3052/305226813003.pdf
FONTE: AGROLINK