Cotações da soja despencaram nestes últimos dias de maio
As cotações da soja despencaram nestes últimos dias de maio, com o bushel fechando o dia 1º de junho (quinta-feira) em US$ 9,12, após US$ 9,39 uma semana antes e US$ 9,76 em 16/05 (melhor momento do mês). O valor desde dia 1º de junho se constitui no mais baixo preço desde o início de abril de 2016. A média de maio/17 ficou em US$ 9,53/bushel, contra US$ 9,46 em abril.
Na prática, diante da possibilidade de mais uma grande safra nos EUA e da pressão da colheita recorde na América do Sul, houve forte aumento nas vendas de contratos por parte dos fundos especulativos, que continuam a se desfazer da soja. Soma-se a isso a piora do clima nos EUA para o plantio do milho, cuja janela ideal se encerrou em 31/05, aumentando novamente a especulação quanto à transferência de área do cereal para a soja, cuja janela ideal se encerra em 15/06. Segundo o USDA, se detecta perda de qualidade nas lavouras de milho de alguns estados norte-americanos.
Aliás, no dia 30/06 teremos o relatório definitivo de plantio a ser divulgado pelo USDA, assim como os estoques trimestrais. Antes disso, no dia 09/06 teremos mais um relatório de oferta e demanda, o qual deverá atualizar as projeções para a nova safra estadunidense.
Por sua vez, em termos de plantio, a volta das chuvas atrasou um pouco a semeadura da oleaginosa, porém, sem gerar maiores preocupações. Até 28/05 a mesma atingia a 67% da área esperada nos EUA, contra 68% na média histórica para esta data.
Paralelamente, as inspeções de exportação somaram 335.519 toneladas na semana encerrada em 25/05, acumulando no presente ano comercial um total de 50,8 milhões de toneladas, contra 43,6 milhões em igual momento do ano anterior (cf. Safras & Mercado).
Na Argentina, a colheita chegava a 80% da área em 29/05 e a produção esperada está estimada, agora, em 58 milhões de toneladas. Já as exportações de farelo de soja argentino somaram 5,98 milhões de toneladas entre janeiro e março de 2017, ultrapassando largamente os 4,89 milhões registrados em igual período do ano anterior.
Por outro lado, na China as margens de lucro no esmagamento da soja, pela indústria local, batem nos menores níveis dos últimos três anos. Os preços do farelo da soja, tanto quanto do óleo da soja, no mercado asiático, sofrem grande desvalorização com uma lenta demanda no mercado de proteínas animais. No caso do farelo, tais preços recuaram mais de 5% na China em apenas uma semana, enquanto o óleo caiu 2,4%. Isso se refletiu na Bolsa de Chicago, onde o farelo recuou para US$ 297,60/tonelada curta no dia 30/05, valor que não era visto desde o final de setembro de 2016. Segundo a AgResource, informações circulam de que haveria cancelamento de navios de soja contratados para entrega na China diante de tal quadro. A mesma fonte, no entanto, ressalta que não é comum a indústria asiática de esmagamento reduzir sua demanda nesta época do ano, por um longo período.
Aqui no Brasil, o câmbio chegou a recuar para R$ 3,23 durante a semana, o que ajudou a forçar um recuo nos preços internos da soja. A média gaúcha no balcão fechou maio em R$ 59,83/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 63,00 e R$ 63,50/saco. Um ano atrás, o balcão gaúcho pagava R$ 77,16/saco e os lotes R$ 85,50 a R$ 86,50/saco. Ou seja, neste momento o produtor de soja gaúcho está recebendo R$ 17,33/saco a menos do que o ano passado, sem considerar ainda a inflação do período. Nos lotes as perdas são de R$ 22,50 a R$ 23,00/saco. No nortão do Mato Grosso as perdas médias, nos lotes, chegam a R$ 27,50/saco. Nesta semana, nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 52,50/saco em Sorriso (MT) e R$ 65,50/saco em Aberlado Luz (SC), passando por R$ 63,00/saco em Pato Branco (PR), R$ 59,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 60,50/saco em Uruçuí (PI).
O mercado brasileiro continua com muita soja estocada, particularmente no sul do país, na expectativa de alguma melhora nos preços internos, os quais dependem cada vez mais do câmbio, já que em Chicago, o bushel, por enquanto, se mostra em recuo. Dito isso, a volatilidade será a tônica deste mercado, pelo menos até fins de setembro, em função do clima nos EUA e dos desdobramentos da crise política no Brasil.
FONTE: AGROLINK