Pesquisadores: transformando a vida no campo
Muito importante em todas as áreas do conhecimento humano, a pesquisa promove descobertas e também a chance de melhorar algo que já existe. Na agricultura não seria diferente! Muitas instituições que trabalham com Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) no país buscam apoiar pesquisas que melhorem o dia a dia das famílias do campo. No Dia Nacional do Pesquisador, comemorado em 8 de julho, a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) lembra os ganhos que os estudos desenvolvidos por esses profissionais trazem para o setor.
Para o secretário da Sead, José Ricardo Roseno, o reconhecimento do valor das pesquisas para o setor é digno e notável, principalmente quando se percebem as mudanças que a atividade é capaz de promover na vida dos agricultores familiares brasileiros. “Por meio dela, é possível gerar tecnologias e práticas que ampliem a produtividade das lavouras, que diminuam o trabalho e os esforços dos agricultores no campo. É sinônimo de qualidade de vida, de dignidade. Então, a pesquisa traz sempre um resultado muito positivo. Vale lembrar também que é um trabalho que complementa e que é realizado em parceria com os serviços de Ater, de levar o novo para a propriedade rural, levar o que há de melhor”, enfatiza.
Números
O trabalho de pesquisadores traz resultados fantásticos para o campo. No Espírito Santo, por exemplo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) avalia que em 2015 o emprego de suas soluções tecnológicas e sociais agregou R$128,31 milhões ao estado, com uma redução de custos de R$22,81 milhões em todas as propriedades e incremento de R$1,02 milhão em produtividade.
Segundo o Balanço Social do Incaper, a pesquisa, em conjunto com a Ater, que aplica os trabalhos dos estudos dentro do estado, gerou um lucro social de R$1,19 bilhão, sendo que a dotação orçamentária do Instituto, em 2015, foi de R$97,17 milhões. Assim, a cada R$1 investido nas pesquisas, a sociedade ganhou um retorno de R$12,25.
O pesquisador Romário Gava Ferrão, de 61 anos, é um dos responsáveis por esses resultados. Coordena dentro do Incaper as pesquisas ligadas à cafeicultura do estado, tanto para o café Arábica quanto para o Conilon, principal produto agrícola capixaba. Engenheiro agrônomo, possui doutorado em Genética e Melhoramento de Plantas. Começou a atuar no instituto em 1984, logo após terminar seu mestrado na Universidade Federal de Viçosa (UFV) e, desde então, ajuda a promover o desenvolvimento rural do Espirito Santo.
Seus estudos ajudaram a desenvolver variedades de café específicas para diferentes macrorregiões do estado: mais resistentes à seca, pragas e doenças, com maior produtividade dos frutos e também com maior qualidade do grão. Com isso, do início do programa de melhoramento até hoje, a produção de café do estado quadruplicou. São 131 mil famílias beneficiadas por mais de 60 projetos. Algo que traz muito orgulho ao doutor.
“Ser pesquisador é algo muito gratificante. Nossas pesquisas são planejadas e executadas para que os resultados proporcionem aos produtores de base familiar mais segurança, mais rentabilidade e também para que ele tenha cada vez mais uma vida digna no campo. Além disso, nós conseguimos promover o engrandecimento do Instituto, que tem 60 anos, e tem o reconhecimento da sociedade, no cenário capixaba, brasileiro e até internacional”, fala Ferrão.
Orgulho
Antônio Raimundo de Souza, de 65 anos, atua como pesquisador no Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), desde 1977. Também formado em Engenharia Agrônoma, possui mestrado e doutorado na área de Solos e Nutrição de Plantas e ajudou a desenvolver tecnologias ligadas a culturas como algodão, feijão, milho, mandioca, palma forrageira e cebola. Atualmente, está à frente da diretoria de pesquisa do IPA, que conta com um corpo técnico de 95 pesquisadores. A profissão, pela qual tem grande paixão, também é sinônimo de orgulho por dois motivos: sua origem familiar e local. Talvez uma inspiração para o que decidiu seguir na vida.
“Gosto demais até! É uma grande realização porque eu sou filho de um agricultor. Nasci numa casinha, no município de Lagoa Paraíba, alto sertão da Paraíba, já conhecendo o que era a atividade pelo meu pai. Saí para estudar na escola agrícola, depois me formei, fiz o mestrado e doutorado. Meu pai ficou muito orgulhoso. E depois disso, de vez em quando, ele me pedia orientação para saber o que tinha de melhor para levar para lá”, conta o pesquisador.
DFDA
A delegacia Federal do Desenvolvimento Agrário do Espírito Santo (DFDA-ES), também conta com um pesquisador. O delegado federal Aureliano Nogueira da Costa é engenheiro agrônomo, doutor em Solos e Nutrição de Plantas, ajudou a desenvolver pesquisas no Incaper ligadas à fruticultura, pimenta-do-reino, e outra culturas presentes no estado. Para ele, a pesquisa é um trabalho fundamental para o fortalecimento da agricultura familiar, principalmente quando ela é realizada de modo aplicado.
“Comecei minhas pesquisas no Incaper há 30 anos com a cultura do morango. Nessa época, os agricultores chegavam a utilizar mais de 30 defensivos agrícolas durante todo o ciclo da cultura e, como resultado, nós conseguimos cultivá-los de forma orgânica, ou seja, sem utilizar nenhum produto químico. Então, isso é um avanço muito grande de uma pesquisa aplicada. É assim que as tecnologias passam a ser mais adaptadas à necessidade do agricultor e também mais acessíveis a ele”, finaliza Costa.
FONTE: AGROLINK