Cotações da soja deram um salto nesta semana em Chicago

Cotações da soja deram um salto nesta semana em Chicago

As cotações da soja deram um salto nesta semana em Chicago. O bushel da oleaginosa fechou o dia 06/07 em US$ 9,80. Esta cotação é a mais elevada desde meados de maio passado. A média de junho ficou em US$ 9,24/bushel, para o primeiro mês cotado, contra US$ 9,53 em maio.

Os motivos são dois: 1) os relatórios de plantio e de estoques trimestrais, embora baixistas, apenas confirmaram o que o mercado já havia precificado, sem trazer informações adicionais. Por exemplo, o aumento na área de soja nos EUA ficou realmente em 7%, com a mesma atingindo a 36,22 milhões de hectares, quando o mercado esperava 7,8% em razão de uma possível transferência de área de milho para a soja, fato que, aparentemente, não ocorreu. Por sua vez, o relatório de estoques trimestrais trouxe um volume de 26,2 milhões de toneladas na posição 1º de junho, representando um aumento de 11% sobre igual momento do ano passado; 2) o segundo motivo tem, agora, proporções mais fortes e trata do comportamento climático. A expectativa de um clima mais quente e seco durante o mês de julho levou o mercado a especular possíveis futuras quebras na safra de soja (aliás, um comportamento que sempre ocorre em Chicago nesta época do ano). Ou seja, a volatilidade é o ponto central em Chicago, fato que levou muitos fundos para a ponta compradora, após estarem sobrevendidos por um bom tempo. Efetivamente, a partir de agora o clima toma conta do mercado, pelo menos até meados de setembro, quando se inicia a colheita nos EUA. Dito isso, é bom lembrar que a área anuciada com soja neste país é recorde histórico, fato que pode levar a um novo recorde de produção no final do ano caso o clima não traga reais transtornos às lavouras.

Dito isso, as fortes altas do trigo em Chicago também ajudaram a puxar para cima a soja. Ao mesmo tempo, as condições das lavouras estadunidenses reduziram o percentual de boas a excelentes, com o mesmo ficando em 64% até o dia 02/07, após 66% uma semana antes. Por sua vez, na Argentina, a colheita atingiu a 98% da área neste início de julho. Como contraponto desta alta momentânea, na China muitos navios estão sem poder descarregar soja devido a problemas portuários no país. Isso tende a frear parcialmente as compras chinesas da oleaginosa nas próximas semanas.

No Brasil, os preços subiram, puxados pelas altas em Chicago e pela manutenção do câmbio entre R$ 3,28 e R$ 3,32 no transcorrer da semana. Assim, a média gaúcha no balcão subiu para R$ 61,38/saco, enquanto os lotes chegaram a valores entre R$ 68,00 e R$ 69,00/saco na média semanal. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 57,00/saco em Sorriso, Diamantino e Nova Xavantina (MT) e R$ 69,00/saco em Campos Novos (SC), passando por R$ 67,50 em Pato Branco (PR), R$ 62,00 em Pedro Afonso (TO), R$ 64,00 em Uruçuí (PI) e R$ 60,00/saco em Goiatuba (GO), conforme Safras & Mercado. Ou seja, o mercado brasileiro vive uma nova janela positiva de comercialização da soja, a qual é muito instável nesta época do ano. A vulnerabilidade do mercado em Chicago, devido ao clima nos EUA, associada a possíveis oscilações cambiais no Brasil devido à crise política e econômica do país, deverão trazer algumas janelas positivas de comercialização, pelo menos até fins de setembro. Após, será necessário observar em quanto será a colheita estadunidense efetivamente (espera-se, pelo menos, 115 milhões de toneladas na atual safra) e como ficará a situação política no país com a proximidade do final do ano. Portanto, os produtores rurais que ainda possuem soja, e são muitos no Brasil em geral e no Rio Grande do Sul em particular, devem ficar atentos a estes momentos mais propícios aos negócios que poderão surgir, como é o caso desta atual semana.  



FONTE: AGROLINK