Workshop constata que uso de defensivo biológico reduz os custos de produção da soja
O uso de defensivo biológico, aliado com o Manejo Integrado de Pragas (MIP) na cultura de soja permite, além de manter igual produtividade do sistema convencional, reduzir significativamente os custos de produção. Em alguns casos, essa redução pode chegar ao equivalente ao valor de quatro sacas de soja. A constatação é de Sergio Abud da Silva, supervisor de Implementação da Transferência de Tecnologia da Embrapa Cerrado e foi feita em palestra durante o Workshop Agrobrasília sobre Controle Biológica de Pragas e Doenças nas Culturas, realizado nesta quarta-feira (17), na Agrobrasilia 2017 – Feira Internacional dos Cerrados, no Distrito Federal.
O evento, que foi acompanhado por 120 profissionais do agronegócio, incluindo engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e produtores rurais, entre outros, contou com a participação dos maiores especialistas no assunto e foi organizado pela ABC Bio – Associação Brasileira das Empresas de Controle Biológico e pela APDC – Associação de Plantio Direto Cerrado. A solenidade de abertura do workshop foi comandada por John Landers, presidente da APDC, um dos pioneiros na difusão do plantio direto no Brasil e entusiasta do controle biológico, além do presidente da ABC Bio, Gustavo Herrmann, e do presidente da FEBRAPDP - Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, Alfonso Sleutje.
O workshop foi aberto com a palestra Panorama Brasileiro e Avanços Recente, proferida por Alexandre de Sene Pinto, do Centro Universitário Moura Lacerda, de Ribeirão Preto. Na sequência, houve também uma série de depoimentos de produtores , engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas sobre diversos aspectos ligados à aplicação de defensivos biológicos. Um deles, o produtor Helio Dall Bello, que atua em Goiás e no Distrito Federal, chamou a atenção para a necessidade de o agricultor interessado em utilizar o controle biológico, atuar de forma a manter uma população de insetos que são benéficos para as culturas. “Um exemplo é entender as diferenças entre os vários tipos de percevejos, de maneira a preservar aquele que é predador de pragas”, comentou.
Já o agrônomo Leomar Cenci, presidente da COOPA-DF, uma das entidades apoiadoras do evento, informou que, no cerrado, já começa a surgir produtores de trigo, cevada e aveia que estão usando o controle biológico. “E aqui na região já existem aproximadamente 25 mil hectares de cevada plantada, que pode ser um bom potencial para o uso de agentes biológicos”, afirmou. Jean Phillippe Butruille, produtor de hortaliças orgânicas no entorno de Brasília, por sua vez, chamou a atenção para as boas perspectivas do defensivo biológico. “São muitas as razões para o aumento do uso de biológico. As principais são: os defensivos convencionais estão perdendo eficiência, a produtividade está estagnada e os custos elevados. Além disso, a opinião pública cobra alimentos com menos resíduos”, observou a avaliação sobre o bom potencial do segmento de biodefensivos também foi referendada por Harley Nonato de Oliveira, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste.
“Os produtores do Mato Grosso do Sul estão muito interessados em conhecer as vantagens do uso de biológicos. Vários estão efetivamente convencidos dos benefícios. Tanto que o governo do Estado decidiu formular um Plano Estadual de Controle Biológico para incentivar a atuação das empresas do segmento na região.
Durante os debates, o presidente da ABC Bio fez questão de reforçar um alerta sobre os riscos de se produzir agentes biológicos em fazendas, sem os cuidados e os controles de um ambiente fabril. “Atualmente só existe legislação do Ministério da Agricultura que possibilita a produção de produtos fitossanitários e defensivos biológicos para uso na agricultura orgânica.
Nas demais áreas é proibido e quem estiver produzindo, está atuando de forma ilegal. Pelo que constatamos essa informação sobre essa questão legal não está chegando aos produtores”, afirmou Herrmann.
A sessão de debates do workshop foi coordenada pelo engenheiro agrônomo Cláudio Malinski,da COOPA-DF. Também participaram, como palestrantes, o engenheiro agrônomo Carlos Pitol, de Maracaju-MS; e Celso Tomita, especializado no uso de controle biológico em hortaliças. O workshop contou ainda com a palestra Estado da Arte de Controle Biológico no Brasil e visão do Futuro, proferida também pelo presidente da ABC Bio. Ocorreu ainda o depoimento das empresas: Laboratório Farroupilha/Lallemand, Stoller, Grupo Vittia/Biosoja, Simbiose, Ballagro, Koppert e Bayer. Os debates foram coordenados por Alfonso Sleutjes, presidente da FEBRAPDP.
Ao final, foi definida a criação de um grupo de companhias para estimular o uso de biológicos, de forma a repetir o sucesso de uma iniciativa promovida nos anos de 1990, por técnicos, produtores e empresas, para incentivar o uso do plantio direto em várias regiões do país. O workshop promovido na Agrobrasília 2017 coincide com um momento bastante rico da área de controle biológico no País, pois o segmento vem experimentando um grande avanço nos últimos cinco anos. Tal movimentação positiva envolve tanto a pesquisa no âmbito privado, quanto no público, e tem sido marcada por produtos confiáveis sendo colocados à disposição dos produtores agrícolas, sejam aqueles fabricados por empresas nacionais ou estrangeiras.
Outro grande impulsionador do mercado de defensivo biológico é a maior conscientização e também pressão dos consumidores, cada vez mais interessados em consumir alimentos com baixa carga de resíduo químico. Nesse particular, a indústria brasileira desse tipo de insumo detém uma tecnologia que pode ser considerada de ponta em termos mundiais. Além disso, o produtor brasileiro tem se tornado mais consciente sobre as vantagens ambientais e também para sua segurança do uso de defensivos biológicos.
FONTE: AGROLINK